15 de junho de 2008

Uma semana

Olá queridos amigos...
Algumas coisas me aconteceram esta semana e muito me remeteu ao que propus discutirmos aqui, mas se não houver discussão, pelo menos minha exposição das diferentes realidades a que assisto. São alguns exemplos do que tinha comentado anteriormente.

As diferentes percepções podem ficar explícitas quando uma mesma história é contada por pessoas diferentes, épocas diferentes, intenções diferentes. Vejam as inúmeras interpretações de um escritor inglês do século XVII, chamado William Shakespeare. Até hoje novas interpretações para as mesmas histórias são criadas por diferentes pessoas em diferentes realidades e todas essas realidades muito diversas da vivida pelo poeta. Posso dizer que são realidades paralelas para cada um dos personagens e para aqueles que tiveram a oportunidade de assistir a mais de uma versão da mesma história.

Outra coisa que me chamou a atenção e me fez refletir esta semana foi conhecer uma realidade muito diferente da que estou acostumada. Mesmo tendo a cabeça aberta para as diferentes percepções da vida, uma coisa me tocou profundamente. Foi o privilégio de conhecer uma comunidade que através do voluntariado, presta assistência a muitas pessoas. Além de apresentarem possibilidades inúmeras para centenas de famílias e principalmente crianças, não esperam nada em troca e são muito felizes por isso. Fazem a sua parte e a parte de muitos que se omitem dos problemas reais da realidade do nosso país. O que também me tocou foi a indiferença de algumas pessoas para as quais o trabalho é destinado. São carentes, sem oportunidades, sem perspectivas. Iguais às outras, mas essas são aquelas que não vão voltar. Porque não querem. E o próprio Giovanni Melchior Bosco, o Dom Bosco, inspirador dos voluntários já sabia disso, que podemos ajudar, mostrar o caminho a muitos, mas alguns voltam e outros não. E foi isso que realmente me tocou, a bondade explícita, o conceito oposto ao egoísmo, vi o altruísmo que Augusto Comte, filósofo francês, concebeu em meados de 1830 para caracterizar o conjunto de ações humanas coletivas e individuais que levam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. Ver isso com meus olhos e aceitar isso na minha realidade foi lindo. Uma experiência inédita, como a de viajar 40Km dentro de uma cidade só. Tudo no mesmo dia! Incrível!

Também ouvi em algum lugar que muitos aceitam a certeza de realidade justamente pela presença do delírio, pois sabendo bem o que não existe deixa claro o que existe, o que é real.
De certa forma não discordo deste pensamento, mas questiono o que aceitar como delírio. Ele pode ser tão óbvio e tão sutil. Quando sutil o delírio não distorce a realidade ao ponto de não ser aceitável. E ele é real? O que o ocasionou? Drogas, trauma, doença psicológica, etiologia desconhecida? Quem determina o que é delírio e o que não é? Quem pode medir isso? Se é que isso se mede.

Sei que meus pensamentos são confusos, minhas idéias são inacabadas, mas o blog é meu e eu escrevo o que eu quero... quem sabe com o tempo melhoro, dou uma resposta, sou mais objetiva.. ou quem sabe não.. só o tempo dirá.

E para me despedir de vocês nesta noite de domingo, quando o Brasil perdeu para o Paraguai numa partida de futebol por 2xO somente alguns dias depois de perder para a Venezuela também por 2xO e ser zoado pelo Hugo Chávez (isso sim parece um delírio óbvio!), deixo algumas frases do filme que coloquei como indicação neste mesmo blog, “What the bleep do we know?”:
“No início era o nada, fervilhando de infinitas possibilidades, das quais você era uma delas.”
“Vocês realmente precisam reconhecer que até mesmo o mundo material que nos rodeia, as cadeiras, as mesas, as salas, o tapete, a câmera inclusive, todos eles não são nada além de possíveis movimentos de consciência. E, a cada momento, estou escolhendo entre esses movimentos para manifestar minha experiência atual. (...) Então, ao invés de pensar em coisas, deve pensar em possibilidades. Todas são possibilidades da nossa consciência.”
“As coisas não são criadas por outras coisas, mas por idéias, conceitos, informações.”

Um comentário:

Maria Joana disse...

Não sei o que aconteceu com meu comentário original, mas de qualquer forma vou postar outro.
Achei seu texto incrível, muito sensível e verídico sobre sua experiência.
Felizmente, ou coinscidentemente, participei desta sua jornada pela cidade e pela alma.
Acho que é fundamental para o mundo que pessoas como você existam e possam captar os sentidos envolvidos na realidade de cada pessoa.
Em termos quânticos nada há, mas o altruísmo extrapola até mesmo esta barreira, de leis e conceitos. São gestos que superam o que se vê, só é possível sentir mesmo.
Parabéns por sua sensibilidade, por sua mente brilhante e por seu coração gigante.
Um beijo da amiga MJ.